sexta-feira, 19 de setembro de 2008

[Road Trip - segunda parte]

Acordamos em Dunedin no terceiro dia de nossa viagem (na quinta-feira, dia 11). Saímos cedo para dar uma sondada quanto a casa, escola, trabalho por lá.
[Talvez neste ponto seja bom abrir um adendo para contar que o Ju saiu do trabalho na fazenda, então estamos todos - ele, eu, Érica e Toninho - desempregados, sem-teto e com a grana acabando. Em outras palavras, estamos indo para onde o vento levar - e o dinheiro permitir.]
Passeamos pela rua principal de Dunedin (lê-se Dãnídin, de acordo com os Kiwis), passamos em frente à Universidade de Otago, a melhor universidade da Nova Zelândia, pesquisamos escolas de inglês e casas. Nada muito diferente (em questão de preços) dos outros lugares.
Mas não sei que espírito ruim tinha baixado nos outros três integrantes da "família", eu fui a única que gostei da cidade. Ou seja, não vamos ficar em Dunedin.

Seguimos viagem enfim para Queenstown. Passamos por lugares lindos, que incluiram desde campos e pastos de ovelhas tão verdes que pareciam tapetes (e eu juro que vi um Hobbit por ali...) até montanhas rochosas e cidades cujas casas eram construídas sobre pedras (sim, é impressionante a mudança de cenário que se vê viajando por aqui). Desta vez, sem acreditar em placas dizendo "coisa bonita de se ver a 200m".
Aliás, regra para quem viajar pela Nova Zelândia: "Se não dá para ir de carro, não vá."

Fomos direto sem parar (porque não tinha lugares mais interessantes e porque não tínhamos muito dinheiro) para Queenstown. Chegamos lá no comecinho da noite e fomos procurar lugar para ficar.
No terceiro motel que entramos para ver o preço, o recepcionista notou que não éramos daqui. Pergunta: "Where are you from?" Resposta: "Brasil..." Recepcionista: "Ah, então pode falar em português!"

Sim, era brasileiro. E a caixa do supermercado também. E a vendedora da loja de vinho também. E também a menina do açougue. E também o mecânico (o único que estava trabalhando no domingo, quando fomos embora de lá e tivemos que trocar as pastilhas de freio).
Queenstown é, por assim dizer, a maior colônia brasileira na Nova Zelândia. É tipo um bairro da Liberdade de brasileiros. Como o mecânico gaúcho nos disse, a população da cidade é de 7 mil habitantes, dos quais 2 mil são brasileiros. Ou seja, falar inglês por lá é totalmente dispensável.

Ficamos no motel do brasileiro, que além de recepcionista, era fotógrafo e bartender num bar brasileiro. E agente de esportes radicais.
Ah, sim. Queenstown é a capital dos esportes radicais. Desde esqui até bungy jump, tem de tudo por lá.

Dormimos e na manhã seguinte fomos conhecer a cidade sob o sol.
Mas isto fica para a terceira parte da Road Trip...

[fim da segunda parte]

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

[Road Trip - primeira parte]

Então tá. O Ju saiu do trabalho na fazenda e agora podemos finalmente sair para viajar pelo país.
Ontem eu, ele, Érica e Toninho nos enfiamos na nossa Mitsubishi Lancer e pusemos o pé na estrada com chuva e tudo.

Primeira parada: Timaru. Lugar maravilhoso, cidade linda, pensamos seriamente em morar por lá. O que não foi descartado, já que uma vez que o Ju está sem trabalhar estamos todos tecnicamente sem-teto.Pela primeira vez desde que cheguei aqui, eu vi o Oceano Pacífico. Ah, a imensidão azul... Ele é imenso e... azul! (fotos em breve no Orkut)Depois de parar, andar por todo o caminho, ver a linda baía com milhões de coisas lindas, passear pelas lojas da cidade e levar duas multas por não pagar o parquímetro, seguimos nossa viagem.

Segunda parada: Waimate. Na realidade, uma fazenda próxima a Waimate. Visitar o "pai" e a "mãe" ( e Rodrigão). Divertido, conhecemos a micro-casa deles. Eles então nos levaram para Oamaru (lê-se "Omarú), onde passamos a noite num Motel (aqui Motel é só um hotel mais barato, sem o sentido do Brasil). Acordando hoje de manhã, nossa intenção era seguir viagem com destino a Dunedin, onde iríamos passar o dia e conhecer a cidade já com a intenção de talvez morar por lá.
Sim, era a intenção. Mas resolvemos dar uma volta por Oamaru, já que estávamos por lá, mesmo, e estava sol, por milagre.
De repente a gente viu. Era lindo, era grande, era vermelho. Era um ônibus londrino de dois andares!!! Ficamos babando, tiramos foto e tal... Quando ele parou, os quatro turistas decidem perguntar quanto é para dar uma volta no tal ônibus. Crio coragem e pergunto para o simpático velhinho que o dirigia. Sorrindo, ele diz "Ah, entrem aí que eu levo vocês para ver a baía" e eu "Quanto a gente paga?" e ele "Ahn... Nada!".
Felizes da vida, nos empoleiramos no segundo andar.Simplesmente não sei explicar o que vimos. A tal "baía" era uma coisa linda, maravilhosa, tudo de bom! A imensidão azul do Pacífico indo até muito além do que a vista alcançava enquanto a cidade se erguia do lado.
Lindo.

Seguimos viagem, agora sim com destino a Dunedin. Ôpa! Eu disse Dunedin?
No meio do caminho nos deparamos com uma placa do tipo "Atenção. Coisa bonita de se ver 200m à esquerda".
E aí, alguém a fim de ir ver o que tem lá? Ah, ninguém tem hora para chegar em casa, ninguém trabalha amanhã... Vamos, né?
Seguimos a indicação da placa e paramos o carro num estacionamentozinho em frente a um bosque. As placas indicam "Cavernas: 30min de caminhada". Ah, beleza, só meia hora... Tudo bem, vamos lá!
Atenção: tinha chovido no dia anterior. Detalhe: 30min em relógio Maia, só se for. Anotação mental: antes de seguir por uma trilha, verifique se ela não está te levando uma montanha a cima.
Depois do que pareceram horas subindo por uma trilha enlameada que nos fazia escorregar a cada passo (e, que fique registrado, depois de vários avisos meus e da Érica para voltarmos), chegamos no topo da montanha, onde enfim podemos ver as cavernas e... Tá, quem foi o engraçadinho que tirou as cavernas daqui? Só nos resta sentar, descansar e brincar de eco antes de iniciar a volta.
Sim, a volta. A descida. No barro. Escorregadio.
Resultado: Caí três vezes, uma vez sentada, uma deitada e a outra eu praticamente fiz esqui-bunda montanha a baixo na lama. Perdi uma calça, um par de tênis, uma bolsa e sujei meu casaco (mas este é impermeável, é só passar um pano úmido que sai).
Ainda me saí melhor do que a Érica, que quando me viu fazendo esqui-bunda, sem conseguir me levantar, começou a rir e fez xixi nas calças.
Enfim de volta ao carro, à civilização, ao asfalto. Como eu amo o asfalto! Seguimos viagem para Dunedin (desta vez todos cansados e decepcionados demais para querer parar em mais alguma placa de "Coisa bonita de se ver a 200m").

E enfim chegamos a Dunedin. Mortos. Esfomeados. Pegamos uma pizza (três, na verdade) e nos enfiamos no primeiro Motel decente e barato que encontramos. Aliás, bastante decente. Tipo um chalezinho com dois andares.

E este foram apenas os primeiros dias...

[Clique aqui para entender num mapa]

[fim da primeira parte]