domingo, 5 de abril de 2009

[Os Últimos Dias]

Mudamos, afinal. Não para a casa que tínhamos visto, mas para a casa do meu cunhado, na fazenda. Sim, voltamos para a fazenda. Mas temporariamente, já que devo ir para o Brasil daqui a uns dez dias. Assim que eu for, Ju vai pegar as malinhas e mudar para Ashburton.

Os últimos dias foram difíceis. Os mais difíceis dos vinte anos da minha existência. Nunca antes havia estado tão triste. Minha avó morreu na segunda-feira, sem aviso nenhum. Ainda estou juntando meus cacos espalhados pelo chão.

Mas a dez dias de embarcar, não quero me alongar neste assunto. Já chorei demais e sei que ainda vou chorar mais quando chegar no Brasil, portanto agora vou me focar nos assuntos daqui.

Meu último dia no Lodge deve ser dia 13, segunda-feira que vem. Jo e Butch, os patrões, nunca estiveram tão bonzinhos. Eles gostam muito de mim, e eu tenho muito a agradecer a eles. Quando comecei não sabia fazer nada, e agora sou quase expert na cozinha.

E hoje a casa recebeu um novo hóspede! Hoje à tarde Ju chegou do trabalho e veio me dar oi. Demorei um tempo para perceber que o gato no colo dele era escuro e pequeno demais para ser o Jack.
Ju, que não gosta de gatos, voltava do trabalho quando atravessou a ponte do Rakaia. No meio da ponte, um gatinho atropelado. Tristezas à parte, Ju olha com mais atenção e bem ao lado, outro gatinho. Vivo. Miando. Desesperado, e certamente condenado à mesma sina do primeiro.
Sem hesitar, Ju parou o carro e enfiou o gato dentro. É um menino, e demoramos um tempo para assim percebermos porque as bolinhas dele são tão pequenas que confundimos com uma menina. Deve ter um pouco menos que a mesma idade do Jack e da Meg, mas é bem menor e mais magrinho porque não foi bem alimentado.
Jack, um verdadeiro gentleman, já deu as boas vindas e fez amizade com o novo hóspede. Meg, eternamente bicho-do-mato, não quer nem saber e está morrendo de ciúmes, afinal ela é a melhor amiga do Jack.
Ainda não sabemos o que fazer com o pequeno. Talvez meu cunhado fique com ele, talvez eu fique, ou talvez coloquemos anúncios nos supermercados à procura de um novo lar.
Só sei que ele é uma gracinha, preto com reflexos cinzas, olhos verdes, e bem amigável. E fez xixi dentro do Alfredo, acho que nunca mais sai o cheiro.

E assim se passam os meus últimos dias na Terra dos Kiwis (calma, calma, eu volto em dois meses).

Um comentário:

Mariana Leutwiler disse...

eu já pedi pra me dar ele *o*
tá que ia ser uma tristeza pro pobre ficar num apartamento quando tem a natureza toda daí pra se divertir e o Jack pra brincar...

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saudades de você.