segunda-feira, 23 de março de 2009

[Levando Sabedoria aos Ignorantes de Boa Vontade]

Um comentário da Luísa Saavik lá na comunidade Hilson do Orkut (uma comunidade sobre House da qual faço parte - a melhor comunidade do Orkut) me inspirou a criar este post.
Ela, que junto comigo faz parte das correspondentes internacionais da Hilson, fala diretamente de Londres, e postou o seguinte comentário:

"Cinco europeus a menos pensando que a capital do Brasil é o Rio. Fiz minha boa ação do dia."

Parei para pensar e percebi que nunca mencionei aqui as situações inusitadas, engraçadas e levemente preocupantes pelas quais eu e os demais tupiniquins habitantes das terras Kiwis já passamos.

A verdade é que - e pelo menos isso me aliviou um bocado - o Brasil é um país bastante conhecido (pelo menos aqui no meio Kiwi). Poucas foram as pessoas (na verdade, apenas uma me ocorre no momento) que ficaram com cara de interrogação quando algum de nós disse ser do Brasil.
A maioria esmagadora sabe que é o maior país da América do Sul, e que fica lá em algum canto perto da Argentina e do Chile (alguns ainda lembram da Venezuela e do Chávez, mas estes são bastante raros).

E, é claro, após revelarmos nosso país de origem, começamos uma contagem de quanto tempo demora até sermos interrogados quanto ao futebol, carnaval, praia e mulheres bonitas. A maioria leva no máximo 3 perguntas para chegar até lá (as primeiras costumam ser "De qual cidade você é?", seguido pela "Quantos habitantes tem em São Paulo?" e a expressão de espanto ao ouvir a resposta).

O momento mais fofo pelo qual já passei foi quando, no Ano Novo, o professor aposentado de Comunicação que mora lá no Lodge e morou quatro anos no Brasil (e que, a propósito, chama John e é inglês), enquanto fazia uma caipirinha com uma 51 em latinha que o Ju trouxe, começou a cantar "Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água, não. Cachaça vem do alambique. E água vem do ribeirão".

E não vou ser injusta com os Kiwis, os ingleses ou os australianos (espécies com as quais tenho maior contato devido ao Lodge). No geral, eles são bem menos ignorantes quanto ao Brasil do que a maioria dos brasileiros é quanto à Nova Zelândia.
Mas fato é que sempre se pode esperar perguntas e comentários dignos de serem motivo de piada entre nós.

Na categoria de comentários, houve uma vez quatro empresários que jantaram no Lodge há algum tempo. Ao servi-los, surgiu a pergunta sobre a minha origem, à qual eu sempre respondo com certo orgulho (e paciência para responder às perguntas conseguintes).
Um dos empresários, então, me diz que sua filha está estudando no Chile e estava guardando dinheiro para ir ao Carnaval do Brasil. Outro diz que esteve no Brasil durante um carnaval. O primeiro diz: "Não sabia muito bem o que era este tal de Carnaval, então fui procurar na Internet. Quando vi, falei para a minha filha 'Não! Este Carnaval não é lugar para você!". O segundo empresário emenda, dizendo que gostou muito do Carnaval, que ficou encantado e tal... O primeiro pergunta "Você deixaria sua filha ir para este Carnaval?". Ele responde "A minha filha não, mas os meus três filhos eu mandaria na hora!".

Comentários campeões de Ibope também são os clássicos "Eu adoro o Pelé!" e "Como vai o Ronaldo?". O vendedor de donuts de Christchurch sempre faz questão de recitar com o maior orgulho todos os anos em que o Brasil ganhou a Copa do Mundo.
Sobre estes assuntos eles costumam saber ainda mais do que eu.

Mas aí entra o momento em que dá vontade de rir na cara da pessoa e sair chorando em seguida. São aqueles comentários, aquelas perguntas que fariam qualquer professor de geografia se enforcar em um pé de couve na primeira oportunidade.

Para começar, sempre tem um espertinho que, ao ouvir que eu sou do Brasil, solta "Ah! A prima da tia do cunhado do meu irmão fala espanhol!". Hum... Que bom pra ela, camarada, porque eu só falo português e inglês, mesmo...

Depois tem aquela velha conhecida, a qual todo brasileiro em terras gringas deve estar preparado para responder com um sorriso, como se não fosse nada de mais. "A capital do Brasil é o Rio de Janeiro, né?". Não, meu amigo, e também não é Buenos Aires.

Passando pelas comuns, entramos na lista das mais exóticas. "Ah, eu conheci um cara que era do Chile. O Chile faz parte do Brasil, né?". Sim, trocamos pelo Acre uns dois anos atrás...

Mas a pior, a que dou Graças por não ter presenciado, aconteceu com o Ju atendendo uma cliente do McDonald's. Ela notou o sotaque, perguntou de onde ele era. "Brasil", ele disse. Ela, sorridente, "Ah, que legal! O Brasil fica perto da França, né?". Sim, quando vim para cá o avião precisou fazer um desvio porque estava em rota de colisão com a Torre Eiffel.

Ser brasileiro em terras gringas não é tarefa fácil. É necessária muita paciência, vontade de espalhar conhecimento e, acima de tudo, muito controle para não cair na gargalhada.



Obs.: E quanto ao Ju e a saga do dentista, tudo terminou bem graças a um (acredite se quiser) argentino. Um tal de Luciano Dantas é dentista aqui e fez o serviço dando aquele "jeitinho latino" para que saísse a um preço bem mais justo.

2 comentários:

Nina Webster disse...

"Ah, eu conheci um cara que era do Chile. O Chile faz parte do Brasil, né?". Sim, trocamos pelo Acre uns dois anos atrás...


eu ri FORTE dessas HAUAHSUAHSAHSUAHSUAHSUAHUSHAUSHAUSHAUS ai gzuis que povo... sei lá, não dá pra chamar de burro pq não é a terra dos caras, mas tem que ter saco pra responder hein? eu já tinha rido faz tempo HAUAHSUAHSUAHSAUSHUAHS

beijinhos.

Mariana Leutwiler disse...

cara... e o pior é que nós aqui tratamos os estrangeiros como reis e somos obrigados a saber tudo dos países deles.


acho que 'gringos' são campeões é de perguntas idiotas e em procurarem assunto onde não tem.
hunmf