quinta-feira, 20 de agosto de 2009

[Miss McDonald's]

Agora sim, informação oficial: vou trabalhar no McDonald's. Assinei contrato e tudo, começo amanhã. A partir de hoje moram três McDonald's employees na mesma casa.

Recebi camiseta maior que o meu tamanho, calça duas vezes maior do que eu e um boné meio torto. E ainda tenho que correr atrás de um sapato preto para poder trabalhar (nada que a Santa Warehouse - a loja de departamentos com promoções malucas - não resolva).

E mais brasileiros aportanto na Terra dos Kiwis. Além do meu cunhado e a esposa que voltaram do Brasil trazendo um agregado, o Ju está neste momento em Christchurch, buscando mais dois casais que acabaram de chegar. Todos de Águas de São Pedro. Sim, eu também me pergunto quantos dos 1500 habitantes da cidade ainda restam por lá.

E, como dito acima, meu cunhado e a esposa voltaram do Brasil, o que significa que voltamos a ter "apenas" dois gatos em casa. A pobre Meg, depois de três meses de liberdade, indo e vindo de onde e para onde queria, a qualquer hora do dia ou da noite, agora terá que se readaptar à antiga rotina de ficar presa dentro de casa o dia inteiro, sob o risco de virar sobremesa de pit bull. E eu ainda sou capaz de apostar que ela está prenha.

Jack Geraldo e Chris Obama, por outro lado, passam bem. Jack está crescendo e começando a brigar com os gatos da vizinhança, o que nos obrigou a gastar outro dia com veterinário, quando ele apareceu com um buraco enorme cheio de pus. NZ$ 40,00 pela consulta, NZ$20,00 pela injeção de antibiótico e mais NZ$ 10,00 por uma caixa de papelão para transportar gatos, uma vez que meu pirilampo Geraldo se recusava a permanecer no meu colo.

Então amanhã é meu primeiro dia no novo trabalho. Me desejem sorte e que eu não me queime na chapa. Até a próxima vez em que eu tenha internet.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

[O Aniversário Mais Longo da Terra]

Uma das partes mais interessantes de estar a quinze horas na frente de quem está no Brasil é que temos o aniversário mais longo da Terra (ou quase): 39 horas de aniversário.

E ontem (e hoje) minhas 39 horas chegaram. Vinte e um anos, o que para os Kiwis é o aniversário mais importante, porque teoricamente é quando atingimos a maioridade. Pra mim, morando desde os 17 longe dos meus pais, nenhuma diferença.

E tive uma comemoração e ganhei presentes, o que só por isso já fez deste ano melhor que o passado.
A mãe (notou a letra minúscula?) fez um bolo que parecia de padaria (um pouco torto, mas quem liga?) e eu e o Ju viemos de Ashburton até a fazenda para comemorar. Com direito a Sandro, Helen e Lara (mais um casal de brasileiros em terras kiwis e a filhinha super fofa deles) e a luz acabando no meio da festa. E ganhei um ursinho de pelúcia com suéter de "I love NZ" da Lara e uma carteira linda da mãe. Do Ju não ganhei nada, mas perdôo porque graças à viagem ao Brasil estamos sem um puto furado no bolso.

E por falar em puto furado, estou meio que empregada. Eu falo que as coisas aqui são fáceis, não é brincadeira.
Depois de rodar Ashburton inteira, deixando currículos e preenchendo formulários em todas as lojas possíveis, finalmente alguém me ligou. Adivinhem onde? Sim. McDonald's.
Foram três minutos de entrevista para a gerente marcar três horas de experiência para mim amanhã. Ou seja, vou trabalhar três horas para ver se gosto do trabalho e se eles acham que eu levo jeito para isso e ganhar um vale de NZ$10,00 para comer lá.

Não é exatamente o que eu estava esperando, mas como há aquele problema já comentado sobre a ausência de putos furados no bolso, se tudo der certo eu visto o uniforme azul feio e o bonezinho preto e mãos à obra. Torcendo escondida para que algum outro lugar veja meu currículo e diga "Oh, puxa! Esta pessoa parece legal, vamos contratá-la!" e eu possa mudar de emprego.

Não tenho problemas pessoais com o McDonald's, na verdade. E talvez assim que eu começar a trabalhar lá, veja que na verdade é muito legal e queira ficar. Meu problema na realidade é trabalhar no mesmo lugar em que o Ju trabalha desde o fim do ano passado. Pode ser besteira minha, mas pelo menos por enquanto prefiro outro lugar.

De resto tudo continua na mesma. Nossa flatmate gigante continua sem tomar banho (ah, sim, acho que esqueci deste detalhe no último post), continuo com três gatos em casa (porque além do Jack e do Chris, ainda estamos hospedando a Meg, irmã-prima do Jack, enquanto meu cunhado está no Brasil) e minha casa continua gelada feito o Mt. Hutt, que por sinal está coberto de neve até quase o pé.

Então vou aproveitar minha última hora e vinte minutos de aniversário e volto quando puder.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

[Quem é vivo sempre aparece]

Para todo desaparecimento há uma explicação. Não seria diferente aqui.

Passei os últimos três meses em terras tupiniquins. E sem tempo ou sem computador ou sem vontade de postar algum tipo de notícia pelo meu Diário de Bordo, nem mesmo para dar um "Olá, não morri, estou no Brasil" ou algo do tipo.

Mas voltei, finalmente. Depois das atribulações da viagem, de mais 16 horas de vôo pelas Aerolíneas Argentinas, de mais 12 horas esperando em aeroportos até finalmente chegarmos na nossa casa nova.

Sim. "Chegarmos". Plural.
Por motivos que são mais resumidamente explicados com o fato de que dentistas no Brasil são estupidamente mais baratos e mais eficientes do que na Nova Zelândia (fato já explorado neste blog), Juliano resolveu de uma hora para a outra embarcar rumo a São Paulo para finalmente terminar o canal no tal dente que volta-e-meia dava problema. Passou três semanas lá, ao fim do qual voamos juntos para casa.

E estamos em uma casa nova. Não mais a pequenina, meiga, clara e moderna casa ao estilo japonês de Methven, mas sim uma grande, antiga, fria porém charmosa casa ao estilo Kiwi em Ashburton. E agora temos uma roommate gigante, como disse a mãe (letra minúscula porque ela disse que mais uma vez usando letra maiúscula e ela começaria a usar um manto de Nossa Senhora - ou algo do tipo, não lembro direito qual foi a ameaça). É a Hine (lê-se "rine", como em "rinite" ou similar), uma kiwi-maori tão simpática quanto grande (e acreditem quando a mãe diz que ela é enorme) importada de Auckland e a primeira pessoa que eu conheço ao vivo e em cores que fala Māori, a língua dos nativos neo-zelandeses.

Sim, porque os nativos neo-zelandeses têm uma língua própria que até hoje é falada entre eles. Inclusive existem programas de TV e até um canal especialmente voltado para eles, onde passam desenhos tipo Ben 10 dublados em maori. Divertido (okay... "engraçado" seria a palavra mais exata...).

E quanto a mim, ainda procuro o que fazer. Viemos passar os dias de folga do Ju na casa da mãe, onde tem internet (ah, sim... Juliano fez o favor de derrubar champanhe no nosso notebook, então estamos sem internet por tempo indeterminado) e eu aproveitei para imprimir meu currículo. Vou tentar alguma coisa nos supermercados, locadoras e livraria (singular porque só tem uma). Em último caso, tento no McDonald's. Me desejem sorte!

Por enquanto é o que tenho a contar. Sobre as férias no Brasil não tenho muito a dizer, e mesmo se tivesse já passou da data de validade. Assim que eu tiver novidade e uma internet, volto para manter este blog informado.