quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

[... Feliz Ano Novo!]

Como qualquer pessoa que assista o Jornal Hoje no dia 31 de dezembro sabe, a Nova Zelândia é o primeiro país a ver o Ano Novo *. Ou seja, eu já estou em 2009 e vocês (ou pelo menos a maioria de vocês) ainda não.

E, como eu disse que seria, passei o Ano Novo trabalhando. Ou quase isso.
Digamos... Como eu fui obrigada a ficar sentada no meio de um monte de gente que eu não conhecia e que conversava sobre assuntos que eu não entendia e contava piadas das quais eu não via a menor graça, considero que isso tenha sido um trabalho. Porque trabalhar, mesmo, ao pé da letra, fizemos só até as 10 da noite.

Foi bom para conhecer histórias, pelo menos.
Como a da família de ingleses que está dando a volta ao mundo com as filhas pequenas.
Como a do professor de Comunicação que morou quatro anos no Brasil na década de 70.
Como a da esposa escocesa dele, professora de inglês pelo British Council, que viajou o mundo para dar aulas. Morou dois anos no Irã, além de falar alemão, francês, italiano e um pouco de espanhol.

A propósito, os últimos dois eram as únicas pessoas realmente interessantes naquele meio. E temos um jantar marcado na casa deles terça-feira que vem!

Diferenças com o Ano Novo no Brasil: ninguém se veste de branco, a contagem regressiva não teve a menor empolgação, ninguém estourou champanhe à meia-noite e os fogos... bom, melhor nem comentar sobre os fogos. Digo apenas que estalinhos de festa junina têm mais graça.

Mas valeu ver meu patrão bêbado de caipirinha (que o professor de Comunicação que morou no Brasil fez com a 51 que o Ju trouxe). E valeu também pelos Shortbreads deliciosos feitos pela Margareth (a escocesa professora de inglês). E também pelo drink de champanhe com uma flor misteriosa.

E o primeiro dia de 2009 é de muito sol.


*Update: de acordo com o Alexandre, que está estudando muito para passar na segunda fase da Fuvest, a Nova Zelândia não é o primeiro país do mundo a ver o Ano Novo, e sim umas ilhazinhas cujos nomes me esqueci e que ficam ali logo depois da Linha Internacional de Mudança de Data (ou qualquer que seja o nome da tal Linha). Corrigindo, então, a Nova Zelândia é o primeiro país decente a ver o Ano Novo.

[Adeus, Ano Velho...]

Ano novo, vida nova!
Clichezinho, hã?
É... Mas fato é que, querendo ou não, minha vida está mesmo nova. Embora isso não tenha nada a ver com o Ano Novo chegando.
Trabalhando pela primeira vez na vida. Ganhando meu próprio dinheirinho. Economizando para comprar um Nintendo Wii.
Ou seja: pela primeira vez em muito tempo, tenho uma meta e estou me virando para chegar lá. Sabem, isso é legal.

E a virada vamos passar trabalhando. Tudo bem, pelo menos estamos ganhando para isso.
Minha conta bancária está começando a sentir os efeitos dos dois trabalhos do Ju (caso não tenha comentado, ele está no McDonald's durante do dia e no restaurante do Lodge à noite) e das minhas duas funções no Lodge (camareira e garçonete).

E aí vem 2009. Não gosto do número 9. É uma implicância antiga, nunca gostei.
Meu aniversário de 9 anos foi aquele em que meu dente estava para cair mas eu, por algum motivo misterioso, não queria que ele caísse. Resultado: fiquei com a boca fechada a festa inteira, com medo que ele caísse.
1999 foi o pior ano da minha vida. Minhas melhores amigas começaram a achar que eram adultas demais para serem minhas amigas, já que eu era "criança", e acharam que seria legal me maltratar e me fazer virar alvo de piadas da sala inteira. Aí, para ajudar, a minha escola fechou e todo mundo mudou para o Anglo, onde tive os piores 3 meses da minha vida.
Setembro (mês 9) costuma ser um mês ruim para mim. Digo que meu inferno astral vem atrasado, um mês depois e não antes do meu aniversário.
Meus 19 anos foram... Tá, não tenho muito o que reclamar dos meus 19 anos.
Deu pra entender o padrão, né?
Por isso eu queria que 2008 durasse mais um pouco... Tenho medo de 2009.
Mas vou me manter otimista.

Enfim, um bom Ano Novo para todos (para mim também)!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

[Jingle Bell, Jingle Bell]

E mais um Natal vem chegando. E, com ele, o fim do ano. Tchau, 2008! Foi bom ter a sua companhia!

O fato é que nos últimos anos eu venho sentindo cada vez menos a chegada do fim do ano. Antes era sempre uma época de expectativa, ansiedade, curiosidade e um leve medo do que estava por vir. De uns cinco anos para cá, porém, vem se tornando cada vez mais "apenas mais um dia". Tanto é que se não fossem os enfeites de Natal enchendo todas as prateleiras da Warehouse, eu provavelmente teria me esquecido de comprar a pequena arvorezinha, os enfeites e o singelo presepinho para enfeitar nossa casa.

Para mim e para o Ju, como um casal, este Natal vai ser especial. Pela primeira vez, nos quase três anos em que estamos juntos, vamos passar um Natal juntos e sozinhos. Das outras vezes fomos para a casa da avó dele ou passamos separados porque ele já tinha vindo para cá e eu continuei no Brasil.
E vamos passar o Natal no lodge. Lodge, para quem não sabe, é "pousada". E, como nossos patrões vão viajar para a Ilha Norte (que, aqui para os Kiwis da Ilha Sul, é quase como outro país), nós fomos encarregados de tomar conta do lugar e do cachorro.
É. Do cachorro. Eles têm um alguma-coisa spaniel (parecido com um cocker, só que maior) chamado Jed, de 14 anos e meio e praticamente surdo. E nós vamos tomar conta dele!
Quanto ao Jack nós ainda não sabemos. Talvez o levemos para lá escondido, já que ele é um gato super educado que não faz necessidades fora da caixinha, mas ainda não decidimos.

Já que falei sobre o Jack (e já que eu não tenho mesmo nada mais para falar, então posso me estender por outros assuntos), a criaturinha acabou de aprender a subir no sofá e na cama. Fofo, ele fica se sentindo o máximo pulando para lá e para cá. Pentelho, tivemos que colocá-lo para fora do quarto esta noite, já que ele não parava de subir na cama enquanto tentávamos dormir.
E hoje também ele descobriu a parte embaixo da casa. É, embaixo. Como posso explicar?
A casa é um tanto elevada em relação ao chão. Ou seja, se você for um gato, pode se enfiar embaixo da casa e ficar horas brincando com as teias de aranha que provavelmente há por lá.
E ele se cansou tanto nesta brincadeira que agora está todo largado dormindo no meu colo.

Ontem fomos para Christchurch (como já devo ter explicado, é a "cidade grande" mais próxima daqui). Após muita procura, consegui comprar um tênis novo! E tive que procurar muito, porque a kiwizada tem um gosto terrível tanto para roupas quanto para sapatos, então encontrar um tênis feminino preto com detalhes em rosa foi uma tarefa difícil. O milagre foi que resolveram cuspir uma loja muito parecida com a Centauro dentro do shopping, onde eu enfim pude encontrar o meu.
E eu estava precisando, o meu antigo já estava quase virando uma Havaiana com tantos furos que tinha.

No passeio, também fomos ao cinema e assistimos Madagascar 2 - Escape to Africa. Muito bom mesmo, recomendo para quem quiser ir ver. Acho até que gostei mais do que do primeiro, porque tem mais enredo.
E fiquei feliz por conseguir entender cerca de 97% do que eles falaram. Poucas coisas fugiram do meu entendimento, a maioria ditas pelo sotaque terrível do Borat Sacha Baron Cohen como King Julian.

A melhor parte foi sair do cinema às 9:30 da noite e ainda poder curtir o pôr-do-sol.

Certo... Já me estendi demais por outros assuntos.

Que venha o Natal!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

[Leves Mudanças de Planos]

Semana cheia. Cheia de trabalho, graças a Deus. Com alguns problemas também, mas quanto a isso sempre dá-se um jeito.

Ju vai trabalhar no McDonald's. Já está para começar lá há duas semanas, mas não podia por causa do visto, que só o permitia trabalhar na Riverland Dairies (a fazenda em que ele trabalhava antes).
Então ele juntou a papelada, pegou o dinheiro do visto e foi para aplicar um novo visto que o permitisse trabalhar no McDonald's. Chega na Imigração, espera algumas horas na fila, paga o valor do visto e a canadense da Imigração diz que sente muito, mas não pode aplicar o visto pelo McDonald's. E que, como o Ju não está mais trabalhando na fazenda, vai ter que cancelar o visto que ele tem.

Desespero por alguns momentos. Juliano discorre sobre sua história e os motivos de estar na Nova Zelândia. A canadense (Fredérique), com pena do pobre brasileiro, resolve contar para ele que o Brasil acaba de assinar um acordo com a Nova Zelândia chamado Work Holiday. Com este acordo, uma pessoa pode conseguir um visto de até um ano de trabalho em qualquer lugar da Nova Zelândia desde que prove possuir 4200 dólares na conta.

Ótimo. Então só faltam este 4200 dólares. Não. Faltam 8400, na verdade. Como o meu visto é um partner com o do Ju, assim que o dele fosse cancelado o meu também seria. Ou seja, eu também tenho que entrar nesse esquema de Work Holiday.

Telefonemas daqui, pedidos de ajuda dali, conseguimos completar os 4200 dólares para depositar na conta do Ju. Ótimo, e eu?
Brasileiro sempre dá um jeito, mesmo... Assim que os 4200 dólares são contabilizados na conta do Ju, ele pede um extrato, tira o dinheiro e a gente corre para o outro banco para depositar os mesmos 4200 na minha conta.

Vamos então correndo para a Imigração antes que todas as senhas de atendimento do dia sejam pegas. Vamos literalmente correndo, e uma série de acontecimentos faz com que meu recém-comprado MP4 de 4Gb caia no meio da rua bem na hora em que o semáforo está abrindo.
Nenhum carro passou exatamente por cima dele, mas o resultado é que o LCD não funciona e quando se dá play ele só fica apitando.
Tudo bem, mais um pedido para a lista de Natal, logo ao lado do Nintendo Wii.

No fim, após cerca de 4 horas esperando na sala da Imigração, a canadense (Fredérique) resolve nos atender. Muito simpática, ela logo conta que a irmã dela namora um chileno e os dois passaram um mês no Brasil, de onde a irmã trouxe 3 CDs de presente (Elis Regina, Kid Abelha e Marisa Monte). E, finalmente, imprime o visto e cola nos nossos passaportes.

Felicidade, felicidade! Agora temos permissão para trabalhar em qualquer lugar da Nova Zelândia, para qualquer empregador, sem dar satisfação para ninguém, até 12 de dezembro de 2009.
(Não que para mim isso tenha feito muita diferença, meu visto antigo já me permitia tudo isso até 11 de janeiro de 2010, mas não adiantaria muito ficar com ele se o do Ju ia ser cancelado)

Então é isso. Tenho agora pelo menos mais um ano aqui na Terra dos Kiwis.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

[Mandando Notícias do Lado de Cá]

Juliano voltou do Brasil. Já faz mais ou menos uns 20 dias, mas só agora conseguimos uma internet para usar (que ainda não é a nossa).

O trabalho vai bem. Quer dizer... Quando vai. Complicada esta vida de depender de movimento na pousada para trabalhar (e, conseqüentemente, receber). E complicou ainda mais porque o bendito do meu namorado decidiu que a pousada era um lugar legal para se procurar emprego. Resultado: Ele trabalha 5 noites por semana lá e eu... Bom, só Deus sabe.

Meu visto finalmente chegou! Aleluia, aleluia! Agora tenho permissão para trabalhar na Nova Zelândia até 11 de janeiro de 2010 em qualquer emprego que eu quiser!

E agora nossa família tem mais um integrante! Jack Geraldo, nosso lindo, coisinha fofa, malucão e tchutchuco gatinho!

Jack Geraldo, nosso menininho mais lindo!

Que, a propósito, passou o domingo inteiro brincando com a irmã dele (Meg, que meu cunhado adotou), e agora tá faz três dias dormindo o tempo todo para se recuperar do cansaço. Vida de gato é difícil.

E é como a Mãe disse... Na próxima vida, me deixem nascer gato!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

[Sumiço e explicações]

Tá, eu sei, eu sei. Eu daria uma péssima correspondente internacional. Começo um assunto e sem mais nem menos eu sumo por um longo tempo. Mas a verdade é que agora já faz muito mais de um mês que a Road Trip acabou, muita coisa aconteceu neste meio tempo e não estou com vontade de narrar o resto dos fatos da viagem. Se a vontade voltar, eu juro que continuo de onde parei.

Mas há sempre uma razão para o sumiço.
A minha é que mudei de casa. Sim, saí da fazenda. Bom, nenhuma novidade para ninguém, visto que mesmo aqui eu já havia comentado que estaríamos sem casa quando voltássemos da viagem. Juliano pediu as contas, juntamos nossos trapinhos (a mesma trupe da viagem: Ju, eu, Érica e Toninho) e alugamos uma casinha em Methven.
Methven (também conhecida como Mount Hutt Village) é uma cidadezinha minúscula, dessas cidades realmente pequenas que só por aqui a gente vê, ao pé da segunda montanha mais alta da Nova Zelândia (o já citado Mount Hutt). Dizem os boatos que há 2 mil habitantes, mas conhecendo Águas de São Pedro (quem definitivamente tem 2 mil habitantes), eu diria que provavelmente tem bem menos gente do que isso.
Como fica ao pé do Mount Hutt, que tem uma estação de esqui, a cidade abriga vários turistas no inverno. A partir da primavera, fica entregue às moscas.
E é nesta cidade que estamos morando.

A casa é simplesmente uma graça e por si só é o motivo de termos ido morar em Methven. É toda decorada ao estilo japonês, com biombos e tudo. Ponto negativo: não tem venezianas nem cortinas nos quartos, e as portas dos mesmos são de vidro. Ou seja, entra claridade por todos os lados, o que é realmente chato em um país em que no verão o sol se põe por volta das 11 da noite para nascer novamente às 4 da manhã. Se, acabado o contrato de 3 meses, nós decidirmos nos mudar, tenham certeza de que foi este o motivo.

E o Juliano está no Brasil. Para não perder o visto dele (já que não está mais trabalhando na fazenda), decidiu adiantar a viagem que estava programada para dezembro e mandou-se para lá. Mas já está morrendo de saudades e tédio, o que me faz acreditar ser possível ele aparecer aqui dentro de uma ou duas semanas, no máximo.

E agora, finalmente, a razão do meu desaparecimento internético: Como o Ju levou o computador para o Brasil, ficamos sem ter com o que acessar a internet. Simples e direto assim.
Estou agora acessando da casa do meu cunhado.

E na sala tem dois quenianos batendo o maior papo naquela língua horrível esquisita deles. Só ouço "conga bonga onga uga" pra lá e "aga baga jaba naba" pra cá.

E estou trabalhando! Garçonete e camareira numa pousada. Poucas horas por semana, mas já é alguma coisa. Pelo menos me distraio e tiro uma graninha.

Agora me vou com a promessa de voltar a postar aqui tão-logo Juliano e seu computador voltem das terras tupiniquins.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

[Road Trip - segunda parte]

Acordamos em Dunedin no terceiro dia de nossa viagem (na quinta-feira, dia 11). Saímos cedo para dar uma sondada quanto a casa, escola, trabalho por lá.
[Talvez neste ponto seja bom abrir um adendo para contar que o Ju saiu do trabalho na fazenda, então estamos todos - ele, eu, Érica e Toninho - desempregados, sem-teto e com a grana acabando. Em outras palavras, estamos indo para onde o vento levar - e o dinheiro permitir.]
Passeamos pela rua principal de Dunedin (lê-se Dãnídin, de acordo com os Kiwis), passamos em frente à Universidade de Otago, a melhor universidade da Nova Zelândia, pesquisamos escolas de inglês e casas. Nada muito diferente (em questão de preços) dos outros lugares.
Mas não sei que espírito ruim tinha baixado nos outros três integrantes da "família", eu fui a única que gostei da cidade. Ou seja, não vamos ficar em Dunedin.

Seguimos viagem enfim para Queenstown. Passamos por lugares lindos, que incluiram desde campos e pastos de ovelhas tão verdes que pareciam tapetes (e eu juro que vi um Hobbit por ali...) até montanhas rochosas e cidades cujas casas eram construídas sobre pedras (sim, é impressionante a mudança de cenário que se vê viajando por aqui). Desta vez, sem acreditar em placas dizendo "coisa bonita de se ver a 200m".
Aliás, regra para quem viajar pela Nova Zelândia: "Se não dá para ir de carro, não vá."

Fomos direto sem parar (porque não tinha lugares mais interessantes e porque não tínhamos muito dinheiro) para Queenstown. Chegamos lá no comecinho da noite e fomos procurar lugar para ficar.
No terceiro motel que entramos para ver o preço, o recepcionista notou que não éramos daqui. Pergunta: "Where are you from?" Resposta: "Brasil..." Recepcionista: "Ah, então pode falar em português!"

Sim, era brasileiro. E a caixa do supermercado também. E a vendedora da loja de vinho também. E também a menina do açougue. E também o mecânico (o único que estava trabalhando no domingo, quando fomos embora de lá e tivemos que trocar as pastilhas de freio).
Queenstown é, por assim dizer, a maior colônia brasileira na Nova Zelândia. É tipo um bairro da Liberdade de brasileiros. Como o mecânico gaúcho nos disse, a população da cidade é de 7 mil habitantes, dos quais 2 mil são brasileiros. Ou seja, falar inglês por lá é totalmente dispensável.

Ficamos no motel do brasileiro, que além de recepcionista, era fotógrafo e bartender num bar brasileiro. E agente de esportes radicais.
Ah, sim. Queenstown é a capital dos esportes radicais. Desde esqui até bungy jump, tem de tudo por lá.

Dormimos e na manhã seguinte fomos conhecer a cidade sob o sol.
Mas isto fica para a terceira parte da Road Trip...

[fim da segunda parte]

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

[Road Trip - primeira parte]

Então tá. O Ju saiu do trabalho na fazenda e agora podemos finalmente sair para viajar pelo país.
Ontem eu, ele, Érica e Toninho nos enfiamos na nossa Mitsubishi Lancer e pusemos o pé na estrada com chuva e tudo.

Primeira parada: Timaru. Lugar maravilhoso, cidade linda, pensamos seriamente em morar por lá. O que não foi descartado, já que uma vez que o Ju está sem trabalhar estamos todos tecnicamente sem-teto.Pela primeira vez desde que cheguei aqui, eu vi o Oceano Pacífico. Ah, a imensidão azul... Ele é imenso e... azul! (fotos em breve no Orkut)Depois de parar, andar por todo o caminho, ver a linda baía com milhões de coisas lindas, passear pelas lojas da cidade e levar duas multas por não pagar o parquímetro, seguimos nossa viagem.

Segunda parada: Waimate. Na realidade, uma fazenda próxima a Waimate. Visitar o "pai" e a "mãe" ( e Rodrigão). Divertido, conhecemos a micro-casa deles. Eles então nos levaram para Oamaru (lê-se "Omarú), onde passamos a noite num Motel (aqui Motel é só um hotel mais barato, sem o sentido do Brasil). Acordando hoje de manhã, nossa intenção era seguir viagem com destino a Dunedin, onde iríamos passar o dia e conhecer a cidade já com a intenção de talvez morar por lá.
Sim, era a intenção. Mas resolvemos dar uma volta por Oamaru, já que estávamos por lá, mesmo, e estava sol, por milagre.
De repente a gente viu. Era lindo, era grande, era vermelho. Era um ônibus londrino de dois andares!!! Ficamos babando, tiramos foto e tal... Quando ele parou, os quatro turistas decidem perguntar quanto é para dar uma volta no tal ônibus. Crio coragem e pergunto para o simpático velhinho que o dirigia. Sorrindo, ele diz "Ah, entrem aí que eu levo vocês para ver a baía" e eu "Quanto a gente paga?" e ele "Ahn... Nada!".
Felizes da vida, nos empoleiramos no segundo andar.Simplesmente não sei explicar o que vimos. A tal "baía" era uma coisa linda, maravilhosa, tudo de bom! A imensidão azul do Pacífico indo até muito além do que a vista alcançava enquanto a cidade se erguia do lado.
Lindo.

Seguimos viagem, agora sim com destino a Dunedin. Ôpa! Eu disse Dunedin?
No meio do caminho nos deparamos com uma placa do tipo "Atenção. Coisa bonita de se ver 200m à esquerda".
E aí, alguém a fim de ir ver o que tem lá? Ah, ninguém tem hora para chegar em casa, ninguém trabalha amanhã... Vamos, né?
Seguimos a indicação da placa e paramos o carro num estacionamentozinho em frente a um bosque. As placas indicam "Cavernas: 30min de caminhada". Ah, beleza, só meia hora... Tudo bem, vamos lá!
Atenção: tinha chovido no dia anterior. Detalhe: 30min em relógio Maia, só se for. Anotação mental: antes de seguir por uma trilha, verifique se ela não está te levando uma montanha a cima.
Depois do que pareceram horas subindo por uma trilha enlameada que nos fazia escorregar a cada passo (e, que fique registrado, depois de vários avisos meus e da Érica para voltarmos), chegamos no topo da montanha, onde enfim podemos ver as cavernas e... Tá, quem foi o engraçadinho que tirou as cavernas daqui? Só nos resta sentar, descansar e brincar de eco antes de iniciar a volta.
Sim, a volta. A descida. No barro. Escorregadio.
Resultado: Caí três vezes, uma vez sentada, uma deitada e a outra eu praticamente fiz esqui-bunda montanha a baixo na lama. Perdi uma calça, um par de tênis, uma bolsa e sujei meu casaco (mas este é impermeável, é só passar um pano úmido que sai).
Ainda me saí melhor do que a Érica, que quando me viu fazendo esqui-bunda, sem conseguir me levantar, começou a rir e fez xixi nas calças.
Enfim de volta ao carro, à civilização, ao asfalto. Como eu amo o asfalto! Seguimos viagem para Dunedin (desta vez todos cansados e decepcionados demais para querer parar em mais alguma placa de "Coisa bonita de se ver a 200m").

E enfim chegamos a Dunedin. Mortos. Esfomeados. Pegamos uma pizza (três, na verdade) e nos enfiamos no primeiro Motel decente e barato que encontramos. Aliás, bastante decente. Tipo um chalezinho com dois andares.

E este foram apenas os primeiros dias...

[Clique aqui para entender num mapa]

[fim da primeira parte]

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

[Uma Palavra Sobre os Kiwi-Birds]


[Simpáticos e Amistosos. Mas afinal, quem são estes tais Kiwi-Birds?]

Lembro da primeira vez em que ouvi falar sobre uma espécie de ave que existia num tal país chamado Nova Zelândia, lá pras bandas da Austrália, chamada de Kiwi. Era em um Atlas Ilustrado colecionável da revista Disney Explora. Tinha um adesivinho com este tal pássaro-com-nome-de-fruta para colar naquela ilha-do-lado-da-Austrália.
Tinha também algumas curiosidades, como por exemplo: os Kiwis são as únicas aves que possuem as narinas na ponta dos seus longos bicos, que eles usam para conseguir encontrar bichinhos apetitosos no meio da terra.
Após muito tempo, quando eu tinha mais ou menos uns 15 anos, fui com meus pais a um museu ornitológico (que eu esperava que estivesse cheio de ornitorrincos, mas não foi o caso...) e havia, dentro de uma proteção especial de vidro, um tal desses Kiwis empalhado. Ele era pequeno, mais ou menos do tamanho de um pintinho meio crescido.
Assim se passaram mais alguns anos. Muita coisa aconteceu, eu comecei a namorar, mudei de cidade, mudei de novo, fiz quatro meses de faculdade de cinema, desisti da faculdade, continuei com o mesmo namorado. Até que um dia aconteceu do irmão dele resolver ir para o tal país-perto-da-Austrália para trabalhar. Alguns meses depois, o Ju (meu namorado) decidiu também seguir por aqueles caminhos. E eu fiquei sozinha pelas terras tupiniquins por mais alguns meses.
Enfim eu aportei na Terra dos Kiwis, aquelas avezinhas do tamanho de pintinhos com narinas na ponta do bico. Certo, certo... Então agora vamos conhecer estas tais avezinhas. Um tipo zoológico em Christchurch, lá vou eu conhecer os pintinhos de longos bicos com narinas na ponta e... PERAÍ! O que são estas galinhonas enormes, gordas e desengonçadas com longos bicos e pernas compridas??? Essas coisas são os tais Kiwis???
Altamente decepcionada, volto para casa. Tudo bem, sem problemas... Eu supero.

[Quê? Eu cruzei o mundo inteiro para ver ISSO???]

Agora sim, a curiosidade curiosa sobre os Kiwis: eles não simplesmente são um símbolo da Nova Zelândia. Eles são simplesmente o único verdadeiro símbolo da Nova Zelândia. Não é à toa que os próprios neozelandeses se chamam de Kiwis.
Eles têm uma verdadeira obsessão pela tal galinhona marrom (existe cor mais sem graça do que marrom?) desengonçada com longos bicos e pernas compridas. Só para se ter uma idéia, no tal zoológico onde minha ilusão foi desfeita eles ficam em uma casinha de madeira completamente isolada do resto, climatizada, com sons e cenário do hábitat natural, escura (porque eles são animais noturnos) e cada pessoa que entra é obrigada antes a passar por um corredor escuro para se acostumar e ser capaz de enxergá-los. E é proibido tirar fotos, filmar, gravar sons, tocar os animais, falar alto ou fazer qualquer barulho muito alto que possa assustar os tais bichões.
Ou seja, são tratados quase como deuses.

Sim, eu me divirto muito por aqui...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

[Alguns fatos sobre os Kiwi-People]

1 - Eles cozinham mal. Não que seja exatamente culpa deles, afinal são herdeiros dos notoriamente péssimos cozinheiros ingleses. Mas cozinham mal. E o pior: mesmo cozinhando em casa, nossa comida não fica a mesma coisa da comidinha-brasileira-nossa-de-cada-dia. O sal não salga, o açúcar não adoça, a carne não tem gosto. Tomate aqui só não custa mais caro do que alho (Tomate NZ$7,00/kg x NZ$13,00/kg Alho), o que altamente invibializa o bom tempero das coisas. Até que com um certo esforço dá para se temperar decentemente alguma comida. Então entra o segundo problema: Os fogões não esquentam. Não que isso seja uma máxima, mas a grande maioria dos fogões aqui são elétricos, e fogões elétricos podem ser bonitinhos e superfáceis de limpar, mas no quesito "esquentar" ele perde e feio para o bom-e-velho fogão a gás.
Tudo isto nos leva ao segundo fato sobre os Kiwis, que é...

2 - Eles comem mal. Torradas com geléia, bacon e ovos no café da manhã é a melhor refeição que eles têm ao longo do dia. Almoço? Um lanchinho com queijo-e-bacon tá ótimo. Jantar? Qualquer coisa bastante gordurosa e com bacon tá ótimo para eles. Não é à toa que eles estranham quando vêem a brasileirada aqui comendo pratada de arroz com feijão no almoço.
Por outro lado, eles têm uma variedade incrível de porcarias fáceis de cozinhar. Feijão e macarrão em lata, legumes congelados, comidas congeladas e enlatados em geral... Isso não pode faltar na geladeira de um legítimo Kiwi.

3 - Eles bebem muito. Não sei se andei tendo maus exemplos de Kiwis por aqui, mas pelo que conheço, eles bebem muito. E muito. Cerveja e Bourbon (que é uísque com coca-cola em lata) são os campeões de vendas aqui. E como vendem...

4 - Eles têm um sotaque terrível. Sério, chega ao ponto dos próprios nativos de lingua inglesa não conseguirem se comunicar com os Kiwis! Toda e qualquer palavra que possua o som "e" ou "é" é automaticamente substituído por "i". Assim, "egg" vira "ig", "ten" vira "tin", "stain" vira "stin". além disso, eles têm algum tipo de influência mineira que faz com que eles cortem as palavras de uma frase no meio. Para que dizer "Would you please give me the butter?" se você pode dizer "Woo ya plees gimme the butt?".

5 - Eles são pacientes, amáveis e prontos para ajudar. Claro que estou generalizando, mas tudo o que disse até agora é baseado exclusivamente nas minhas experiências por aqui. Mas eles têm uma paciência sobrenatural conosco, pobres brasileiros que não nasceram falando inglês. Falam devagar, repetem mil vezes se for preciso, explicam quando a gente não entende. E se apaixonaram profundamente pelo modo de vida brasileiro, as amizades, as noções de família. O que, a propósito, nos leva ao próximo item:

6 - Eles têm uma noção totalmente diferente sobre relacionamentos. "Ficar" aqui é absolutamente comum. Mas beijo na boca é algo extremamente íntimo e sério. As mulheres nos pubs dançam em cima das mesas, se esfregam nos homens e tiram a roupa, mas necas de beijo na boca. Outro dia um casal amigo nosso se beijou no pub e os kiwis ficaram olhando como se fosse coisa de outro mundo.
As amizades aqui são mais frias, mais distantes. O mesmo vale para a família. Outro dia morreu o avô do gerente aqui da fazenda e ele nos contou como se estivesse falando da rotina no trabalho. Tipo: "Amanhã você tomam conta do shed direitinho, pegam as vacas lá no pasto, milkam elas porque eu tenho o enterro do meu avô para ir, tá?".
Nós, pobres e humildes latinos, ficamos sem entender nada.

Tudo bem, somos raças inferiores, nem tentaremos entender...

Mas verdade é que estou amando muito tudo isso.


terça-feira, 19 de agosto de 2008

[Sheep na Cidade Grande]

Postado originalmente em 18/08/08

Eis aí aquelas que, junto com os kiwi-birds, o rubgy e a folhinha-que-eu-não-sei-como-chama, é um dos maiores símbolos da terra dos Kiwis. Ou das ovelhas. Enfim.

Dizem que há alguns anos havia cerca de 4 ovelhas para cada habitante do país. Agora a criação de ovelhas está perdendo espaço para as vacas. Como disse a Dawn (nossa "kiwi-mom"), antigamente se andava nas estradas e dava para contar "Ovelha, ovelha, ovelha, ovelha... Oh! Olha! Uma vaca! Uma vaca! Ovelha, ovelha, ovelha...", mas que de uns anos para cá tem sido "Vaca, vaca, vaca, vaca... Oh! Olha! Uma ovelha! Uma ovelha! Vaca, vaca, vaca...".
Também há as criações de lhamas, alpacas (umas primas menores das lhamas) e veados, mas é bem raro de se ver.

As ovelhas são famosas aqui por serem uns dos seres mais estúpidos do Universo. Tenho minhas dúvidas, porque a concorrência humana está ferrenha. Mas ainda assim, fato é que um dos esportes mais divertidos é passar ao lado de um pasto cheio de ovelhas tranqüilas e pastantes e dar uma daquelas buzinadas legais. É um Deus-nos-acuda geral, ovelha correndo pra tudo quanto é lado, desesperadas, coitadas.
Para mim, isso faz elas serem muito mais inteligentes do que as vacas, que se você buzina, ficam olhando para a sua cara tentando entender quem é você, o que está fazendo e qual o sentido delas estarem mastigando pela quarta vez o mesmo bolo de capim.

Nessa época do ano tanto as ovelhas quanto as vacas estão dando cria, então é comum passar pelos pastos e ver os carneirinhos pulantes atrás de suas mamães. Outro dia estava eu tomando uma cerveja com a Érica em Hororata (uma micro-cidade aqui perto) e observando as ovelhas e seus filhotinhos no pasto em frente. Os carneirinhos vinham pulando para mamar, enfiavam as cabeças nas tetas das mamães e abanavam os rabos tão freneticamente que mal conseguiam se manter firmes mamando. Sério, como cachorrinhos. Coisa mais fofa do mundo!

Já as vacas não ficam com seus bezerrinhos, que são separados desde o nascimento para não beberem muito do precioso leite de suas mamães. Sem contar que eles só ficam com as fêmeas, os bezerros machos ficam esperando por uma semana, mais ou menos, para ver se alguém quer comprar. Se ninguém quer, eles matam todos.
Sim, triste e desumano.
Mas a Drica (que mora aqui com a gente) adotou um dos bezerrinhos, que nasceu de olhos azuis. Assim que ele tiver tamanho suficiente, vem para o nosso quintal virar o nosso pet. Chama Ralf (o mesmo nome do meu lobo em pele de cordeiro, mas juro que o meu veio antes).

Enfim, já discorri o suficiente sobre ovelhas, vacas e kiwis em geral.
See you soon! ;)

[Diário de Bordo - primeira parte]

Postado originalmente em 08/08/08

Como contei no Desvairios, estou do outro lado do mundo. Nova Zelândia, terra dos Kiwi-birds, das Kiwi-fruits e dos Kiwi-people. Não é falta de imaginação deles, é falta de variedade mesmo.
Cheguei no dia primeiro de junho, depois de quatorze horas chatíssimas de vôo. Tá bom, tá bom... Não foram tão chatas assim... Vim metade do tempo conversando com o Samir, um cara de Brasília que estava vindo passar quinze dias em Auckland. E que pegou meu MSN e nunca me adicionou... Enfim...
Das quatorze horas de vôo, duas (ou três?) foram de São Paulo a Buenos Aires. Graças às nuvens, não pude ter uma visão das luzes de São Paulo (São Paulo, São Paulo... minha cidade-luz...) como pensei que teria. Mas vi Buenos Aires. E o que posso dizer é que é uma cidade quadrada. As luzes são quadradas, os quarteirões são quadrados, os bairros são quadrados. Tudo parece milimetricamente medido para não deixar nada fora do quadrado ("ado... a-ado... cada um no seu quadrado..."). Tenho pra mim que deve haver virginianos demais naquela cidade. Mantenho distância.
Desci no aeroporto de Buenos Aires para enfim pegar o vôo para cá. Passei pelo raio-x novamente, mostrei meu passaporte para um simpático tiozinho que me deu "Bom Dia" em português, fui me encaminhando para o portão de embarque... Êpa! Que é isso? Querem revistar minha mochila? Tá, tudo bem... Tudo em nome do protocolo... Abro minha mochila, uma argentina de nariz empinado (pleonasmo?) dá uma olhada por cima e pergunta num portunhol desgraçado "Usted tiene algun baton?". Ao que eu prontamente (e inocentemente) abro minha bolsa para mostrar meu gloss cor-de-rosa de lojinha de 1,99 que já estava pela metade. A argentina de nariz empinado (pleonasmo... pleonasmo...)
simplesmente pega meu gloss e tira da bolsa. Até aí, tudo bem... Afinal, era só 1,99 e já estava acabando. De repente, ela vê algo a mais na minha bolsa, enfia a mão dentro dela e sai com a minha base 3 em 1 da Avon que eu tinha acabado de comprar por 30 reais da Tia Estela. Protesto "Mas é só uma base!", e ela "Usted tiene alguna sacola?". Numa última tentativa, abro aquela sacolinha plástica que guardo na carteira para casos de emergência, ao que ela responde "No, no... Zip-loc?". Minha esperança se esvai, fecho minha bolsa e saio revoltada com a argentina de nariz empinado (pleon... tá, já falei...).

Finalmente, sem gloss de 1,99 e base 3 em 1 da Avon, embarco no vôo número qualquer coisa da Aerolíneas Argentinas (também conhecida como "Viação Piracema" ou "aviões com goteira"). Doze horas, um enjôo, duas vomitadas e muita Coca-cola depois, aterrisso em Auckland, ilha Norte da Nova Zelândia. Feliz, feliz... Feliz o caramba, agora é que o bicho pega e a porca torce o rabo. Passar pela alfândega.
Muito bem, Tatiana... Muito bem... Calma, isso é normal, isso é normal... Coração na boca, mochila nas costas e bolsa com certos itens de maquiagem faltando, mostro meu passaporte à mulher. Ela pergunta o que vim fazer aqui. Turismo, vim passear durante as férias. Quem pagou a viagem? Meu pai, oras...
Fico esperando ela desconfiar da reserva fajuta de hotel, me mandar para a salinha da imigração para responder mil e uma perguntas, às quais eu certamente não saberia responder, entraria em desespero e seria mandada de volta para o Brasil em mais 14 horas de viagem estressante e... Ela carimba meu passaporte.
Pego os papéis, guardo tudo na mochila (ou tento, minhas mãos tremem tanto que cai tudo no chão). Vou até a esteira de bagagens, pego a minha (depois de muito esperar na esteira errada). Então, depois de quatorze horas, entro finalmente em solo Neo-Zelandês. Mas eu estava na Ilha Norte e precisava pegar ainda mais um vôo até chegar em Christchurch, onde finalmente meu namorado estaria me esperando para irmos para casa.

Procuro dentro do aeroporto o guichê da Qantas. Chego para a mulher e entrego o ticket eletrônico. Ela olha, olha, sorri para mim e diz algo muito parecido com "mistic". Eu "Céus, o que é que místico tem a ver? Será que eles acreditam nessas coisas por aqui?". Pergunto novamente, ela aponta para uma placa e diz: "You have to go to 'do mistic' airport". Eu "Tá que que 'do mistic' tem a ver com as calças?". Olho para onde ela aponta. "Domestic Flights". Ahhhhhh!!!! Agora tudo faz sentido... Ela manda eu seguir a linha branca no chão, eu ponho a mala num carrinho e vou. E vou. E vou. E vou. E continuo indo. E nada de aeroporto doméstico. E vou. Até que, depois de muito andar no frio de quem acabou de chegar de um país tropical em um outro quase dentro do Círculo Polar Antártico, encontro o tal do aeroporto doméstico.
Despacho a mala, pego minha mochila e subo as escadas. Passo pelo raio-x e... Quê? Querem xeretar minha mochila, de novo??? Bom, pelo menos agora não tem mais nada com que eles possam encrencar e... Quê? Meu chaveiro? Qual o problema com meu chaveiro? Sim, ele tem o formato de um shuriken, mas meu tio trouxe do Japão, não tem problema nenhum e... Ah, sim... Eles acham que eu posso matar alguém com o meu chaveiro. Segurando o riso por imaginar a cena, pergunto o que posso fazer. Ela diz para eu despachar minha mochila. Ótimo, só isso? Pelo menos não vão roubar meu chaveiro... Desço as escadas para despachar a mochila e... Excesso de peso. Rio na cara do tiozinho simpático do guichê, digo que tenho que despachar a mala por causa de um chaveiro. Ele olha para o chaveiro, olha para mim e diz "Dá o papel da mala que você já despachou que eu ponho seu chaveiro lá dentro". Quê??? Jura??? Feliz da vida, entrego o chaveiro e o papel da mala pra ele. Negócio resolvido.
Subo novamente as escadas, passo (novamente) pelo raio-x (não, ninguém encrencou com o meu pacote de absorventes... E olha que eu podia matar alguém com aquilo, hem?) e entro na sala de embarque. Vazia. Sento e fico esperando. Ansiosa demais para dormir. Espero, espero, espero... A sala começa a encher. A sala enche. Levanto da minha cadeirinha para esticar as pernas e quando volto não tenho mais cadeira. Sento no chão. Um casal joga dominó do meu lado. E eu espero. O outro vôo, que deveria sair meia hora depois do meu, sai. Ótimo, pra piorar meu vôo atrasa. A essa hora, o Ju já está esperando em Christchurch. Quase na hora em que eu deveria estar aterrissando, meu vôo sai. Mais uma hora e meia de vôo. Juro que depois dessa, não quero ver avião pelos próximos seis meses.

Chego em Christchurch, pego minha mala e de repente sou atacada por alguém que me abraça por trás. Sim, o Ju. Beijos, beijos, beijos e mais beijos. Vamos para o carro, o Eltoni nos deixa no hotel.
Sim, no hotel. Minha primeira noite na Nova Zelândia será em grande estilo. Suíte deliciosa, cama King Size, banheira. Aproveito tudo, inclusive a comida não-lá-muito-saborosa-mas-tá-valendo. Passeio em Christchurch, passo frio. Delícia.

E para a primeira parte do meu diário de bordo, já escrevi até demais. Sabe como é, às vezes me empolgo.
Volto em breve com a segunda parte.
Aos que leram até o fim, aguardem.

[Re-Hospedando]

Antes de mais nada, não cansei do blogger.com.br, não tive maiores problemas por lá e nada do tipo. Só mudei este blog de servidor para ficar mais fácil de postar, já que não pretendo fazer dele nada além de um Diário de Bordo em terras Kiwis e portanto não quero perder muito tempo configurando templates.

Os dois posts a seguir foram postados já há uns dias no antigo endereço, que já não existe mais.